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Como será o planeta depois do coronavírus

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data-filename="retriever" style="width: 100%;">Tenho tentado, de todas as formas, pensar em outro assunto, mas não consigo. Acordo e permaneço o tempo inteiro ouvindo e vendo notícias deste fenômeno indesejado dos nossos dias. Estamos encurralados, reclusos em nossas próprias casas por cautela para não correr riscos de contágio, mas também com medo, muito medo. Sim, estamos todos muito assustados, embora alguns ainda não acreditem no que está a nossa frente, classificando como histeria.

Enquanto isso, a cada hora noticia-se a expansão do vírus como se fosse um tsunami, sem previsão de término. Ninguém arrisca o resultado final, apenas que serão catastróficos. Ninguém sabe quantos morrerão, mas serão muitos, muitos em todos os continentes e países, sem exceção. Não se tem notícia de uma tragédia igual pelo que ainda está por vir. Os efeitos provocados por essa pandemia ainda são inimagináveis, mas até aqui já trouxeram prejuízos de toda ordem e para todos os setores, inclusive para a raça humana.

Sem a menor dúvida essa catástrofe provocará efeitos muito mais devastadores que o fez a segunda guerra mundial. E não foram poucos os seus efeitos. Entretanto, a segunda guerra, apesar dos horrores, não afetou toda a humanidade. Houve países que não participaram do conflito e até obtiveram alguma vantagem com aquele evento danoso. Agora não. Todos os continentes e países estão sofrendo os efeitos e suportando os prejuízos. Imaginemos, por algum segundo, toda a economia paralisada. Da grande indústria ao vendedor de pastel; do alto executivo ao trabalhador informal. Todos de mãos amarradas sem esboçar nenhuma resistência, seja porque estamos em estado de emergência, seja porque estamos com medo. A curiosidade desse fenômeno fica por conta de que as vítimas, por enquanto, integram a classe média. Os que viajam de avião; os que frequentam locais com grande fluxo de pessoas; alguns políticos, executivos, artistas e "socialites", pessoa de destaque nas camadas mais altas da sociedade e frequentemente citada nas colunas sociais.

Desta vez não estão sendo mortas, por enquanto, por balas perdidas, às vezes não tão perdidas assim. Também não estão sendo morta aos milhões pela fome e abandono. Aliás, continuam morrendo por esses motivos, só que ninguém lhes da importância, e são centenas de milhares. Desta vez a classe média foi a escolhida implacavelmente. Não terá sido um aviso dos deuses para que pensemos um pouco mais nas pessoas, na natureza, na solidariedade, ou em qualquer coisa que nos aproxime mais e não precisemos nos distanciarmos a dois metros separados fisicamente para evitar o contágio, mas a milhares de metros, por vontade própria, dos nossos semelhantes.

Talvez essa tragédia, como todas as tragédias, nos traga ensinamentos suficientes para mudarmos a nossa forma de agir. É apenas uma divagação para disfarçar o medo que toma conta de todos nós, especialmente porque estamos navegando no escuro. Ninguém mais sabe localizar o porto seguro.

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